17 de dezembro de 2008

2 de dezembro de 2008

algum culpado???




TEM DIAS EM QUE ACORDO QUERENDO COLOCAR A CULPA EM ALGUÉM.

TODOS OS DIAS SAÍ UM DE CASA COM REMORSO...E UMA DOIDA QUERENDO PASSAR A BOLA PRA FRENTE!!!!
NÃO PISA NO MEU CALO NÃO, HOJE QUALQUER DESCULPA É BOA!

27 de novembro de 2008

Luto

Preciso escrever pra ver se passa. Passa nada. Tristeza é uma questão de tempo, sempre ele, implacável. Hoje estou triste pela tristeza de outros, que perderam o rumo pois perderam alguém que amavam. Que eles sejam fortes, que consigam seguir em frente, que esperem o tempo vir amenizar a dor. Pois ele não é o vilão da história, ele é...e ponto.

*Pra Márcia, Élcio e família. (pessoas maravilhosas que viram uma de suas estrelas voltar ao céu)

18 de novembro de 2008

Alada



Como é bom acordar todas as manhãs com dois passarinhos me chamando, hoje eles voam até minha cama e me enchem de bicadinhas carinhosas. Ontem era eu quem voava até eles pra resgatá-los da gaiola quando o sol levantava. Como é bom ter um ninho quente e aconchegante para morar com meus pequenos, bom ter o pássaro pai ao meu lado, sabiá elegante e de voô leve que me encanta todos os dias com seu olho amarelo.

Bom é deixar de lado todo um mundo cheio de predadores pra ficar o dia todo com vocês sob minhas asas.

Não é fácil fingir que não tenho medo das tempestades só pra me mostrar forte para vocês, mas é bom. Gosto de protegê-los até do que não posso me proteger. É assim quando criamos um ninho só nosso, tenho saudade do ninho onde eu é que ficava sob as asas quentes e macias da minha águia e sob os olhos do meu condor, mas ele ainda está lá e vez ou outra dou uma voadinha até ele pra ganhar forças pra alimentar de amor os meus passarinhos.

É bom voar livre por aí, é bom ter pra onde voltar, é bom deixar as asas crescerem mesmo sabendo que um dia o vôo é inevitável. Eles não vão fugir da gaiola pois não existe gaiola, eles vão voar por aí carregando gravetos pra construir seus próprios lares e eles vão voltar vez ou outra pra ficar novamente sob minhas velhas asas mesmo não cabendo direito nelas. É a vida e ela é linda assim, cheia de animaizinhos delicados para nos deliciarmos!



*pro tó e pra mari, meus periquitinhos sorridentes!

13 de novembro de 2008

A menininha do espelho

Qualquer semelhança é mera coincidência. Lewis Carroll que me perdoe mas a minha menininha também mora no espelho e é muito, muito bonita.
Era sábado e eu tinha que trabalhar, era sábado e minha pequena queria brincar com a mãe, era sábado e o pai já tinha ido dar aula, e lá foi ela para o “tritório da mamãe”. Lá no escritório da mamãe tem um monte de “tutador”, tem também uma porção de brinquedos, uns que podem e uns que não podem, tem banheiro pra lavar a mão na pia e molhar tudo em volta, tem cadeira que gira e é ótima distração, tem um espelho enorme que ocupa toda a parede e tem a menininha que mora lá dentro do espelho. A menininha eu ainda não conhecia, e foi a Marina, a minha garotinha que nos apresentou.
A mamãe tinha colocado alguns brinquedos no chão, perto do espelho, para a filhinha brincar e depois teve que convencer a filhinha que eram bem mais legais que a pia do banheiro. Dever cumprido e a marina já estava bastante entretida com os bonecos, agora dava pra começar a trabalhar.
O programa do “tutador” já estava executando algumas tarefas no automático (ótima descoberta por sinal) e a mamãe começou a perceber que ela e a filhinha já não estavam sozinhas. A marina batia altos papos com sua nova amiguinha e chamou a atenção da mamãe quando disse: _ Mãe, pode “prestar” os “bintedos” pra meninhinha?
_Claro que pode filha, é legal emprestar brinquedos para os colegas. Como sua amiguinha chama?
_Marina mamãe! Lava a mão da menininha, ta “xuja”!
Deixei que o computador se resolvesse e lá fui eu pegar um pano úmido e passar na mão da minha marina, acreditando que assim ela ira crer que eu estivesse limpando a mão da outra marina, a do espelho. Mas a lógica das crianças não é assim tão simples e ela foi logo esbravejando e repetindo que a menininha, e não ela, estava com a mão suja. Deixei o trabalho de lado, afinal não havia cliente apressado que não pudesse esperar em vista de um momento desses. Entrei na onda e no espelho.
_Olha lá filha, a menininha também tem uma mamãe!
_"Palece" com você mamãe.
_Quer ver que ela vai dar um beijo na filhinha dela agora?
E lasquei um beijo na bochecha fofa da minha pequena. Ela riu e me deu o abraço mais gostoso do mundo.
_Ela ta com sede, tem “suto”?
E lá fui eu pegar uma água de coco na geladeira pra matar a sede da nossa “Alice”. Abri a caixinha e dei pra Marina segurar. Ela tomou um pouquinho e ofereceu pra amiguinha, olhou pra mim e riu do seu gesto.
O computador apitou me informando que o seu trabalho acabara, agora começaria o meu. Estava tudo bem, minha filha entretida com o espelho e eu com minhas imagens. Mas essa calma durou até a marina começar a chorar copiosamente, virei-me com rapidez pra ver se ela havia caído. Nada tinha acontecido, porém o choro não parava, peguei ela no colo e perguntei o que tinha acontecido:
_A menininha ta “tiste” mamãe.
_Porque ela ficou triste Mari?
_”Pute” ela ta presa lá.
Fiquei emocionada, confesso, era a Alice no país das maravilhas, ali na minha frente.
A nova amiguinha dela era prisioneira do espelho, assim como a mamãe dela e tudo que havia ali naquele gigantesco refletor de imagens.
Não consegui acalmá-la com palavras, não as tinha mais, mas dei um abraço forte e um beijo naquele rostinho macio. O choro acabou imediatamente, logo depois veio o epílogo:_A menininha ta mais “tiste” não. A mamãe dela fez carinho!!!!

Essas crianças são mágicas!

26 de setembro de 2008

Tempo tempo mano velho

Minha mãe sempre cita uma frase que minha avó gostava de dizer: nada como um dia após o outro. Sempre quando me encontro no meio de uma situação difícil, naqueles momentos de escuridão total, lembro desta frase e me acalmo. Sei que passa, o tempo é o melhor remédio para qualquer mal.
Acabei de ler um livro belíssimo, do Autran Dourado, que se chama Minha vida em segredo. È uma história cheia de delicadezas com uma personagem à moda da literatura russa: densa e assustadoramente real. Eis a passagem do livro que me fez lembrar de vó Carmelita: "Prima Biela mudou porque o tempo também se foi." Era isso, não é a morte a vilã da vida, é o tempo. Mas não um vilão malvado e sem coração, é sim um vilão que espera, que nos possibilita tentar e quebrar a cara, parir filhos e projetos, emagrecer e engordar, ter ódio hoje e amor amanhã. O tempo é um vilão do bem, implacável!

16 de setembro de 2008

Maravilhas do mundo virtual


Gente, esta moça da foto sou eu .... aos 14 aninhos!!!!
recebi esta foto outro dia por email, de um menino (este que está ao meu lado) que era da minha sala no colégio...achei o máximo! Não me lembrava deste dia e só vagamente do amigo, quando recebi o email achei que fosse vírus mas resolvi abrir assim mesmo e tive a grata surpresa!
é por estas e outras que adoro este mundo virtual!!!!

Bom dia á cavalo....

Quem fala demais da bom dia á cavalo ou dá bom dia à cavalo? Percebam o quanto uma crase pode mudar o sentido de uma frase, e percebam também o quanto o silêncio pode evitar que você saia por aí cumprimentanto eqüinos. Façam o que falo mas não façam o que faço porque eu não sei ficar calada e por isso mesmo costumo cometer uma série de gafes facilmente evitadas com a boquinha fechada.
Dia desses ao encontrar com uma conhecida e sem ter o que dizer, logo soltei um: seu cabelo está diferente, mais bonito, o que você fez? - Nem gosto de contar a resposta que obtive, pois fico com vergonha de mim mesma só de lembrar: _ é que troquei de peruca, lembra do que aconteceu com o meu cabelo? Mas agora estou indo em um ótimo dermatologista e ele me disse que vai voltar... (é claro que não foi nada cordial e nem poderia ser).
Só depois que esta minha conhecida começou sua resposta é que me lembrei que á algum tempo atrás esta pessoa foi tentar fazer uma escova daquelas definitivas e teve um problema que fez com que seu cabelo caísse quase todo....que vontade de sumir do mapa, de me atirar da primeira janela, de ser muda pra não passar por situação tão constrangedora. Aí, vem o Marcelo falando: _Tá vendo, você não sabe ficar calada, não sei que mania é esta de puxar assunto.

O Marcelo é òtimo professor, eu é que não sou boa aluna. Alguns dias depois desta gafe monumental, recebo uma cliente no meu escritório, uma noiva que vai casar no ano que vem e queria dar uma olhada no meu trabalho. Uma noiva sozinha me pareceu estranho (normalmente vão acompanhada dos noivos, das mães ou irmãs), depois de uma longa conversa sobre o casamento, na tentativa de ser simpática, saio com essa: _ Nossa, mas você está olhando tudo do casamento sozinha? Nestas horas tem que chamar a mãe, as mães adoram este lance de casamento.
Já maginaram né?A Mãe da moça tinha morrido e minha reputação também!

E teve também àquele dia que encontrei com um colega de meu filho no teatro e ele estava acompanhado de um senhor bem mais velho, no ímpeto de puxar conversa com o senhor, comento o quanto era bacana ver um avô levando o neto ao teatro e blá blá blá...o Marcelo saiu de perto e o tomás foi brincar com o coleguinha, me deixaram sozinha com a resposta nua e crua: O "fulaninho" é meu filho!

É...em boca fechada não entra mosquito...

11 de setembro de 2008

O medo

É verdade que com a idade ganhamos muita coisa. Mesmo sendo ainda muito nova, sinto que ganhei maturidade, menos ansiedade e mais calma. Ganhei minha independência financeira, ganhei dois filhos lindos, marido, casa.
Mas também ganhei peso, metabolismo mais lento, manchinhas na pele, responsabilidades, clientes, dívidas e medos. Era neste ponto que eu queria chegar: os medos. Não me lembro de ter muitos medos na adolescência, na verdade, acho que quando somos adolescentes não tememos nada, a não ser a bronca de nossos pais.
Parece que quanto mais coisas ganhamos ao longo da vida, mais medos nascem, inclusive o medo de perder estas conquistas. Não sei bem porque estou falando isso, talvez porque senti medo hoje.
A vida vai passando e vamos ficando mais reflexivos, com maior embasamento, mais experiências e tudo isso parece confluir para que sejamos mais temerosos...não sei se é verdade...mas sinto que estes medos, em certa medida, são bons. “O medo é o estado afetivo suscitado pela consciência do perigo ou que, ao contrário, suscita essa consciência”, o medo nos afasta do perigo, nos faz sermos mais prudentes, mas também pode nos paralisar...e este é o meu maior temor.
Não quero deixar que a idade me transforme em uma pessoa estática, um marionete da rotina e refém dos meus medos. O bom é isso, que da reflexão nasce o medo, mas também nasce a capacidade de dicernir entre as duas medidas.

Ainda vou envelhecer mais, assim espero, e o tempo me trará respostas mais claras, ou não!?

3 de setembro de 2008

nasceu!!!!!!!!!!

Eu não estava grávida e não estou, não pretendo ser mãe novamente (dois é bom!) mas é como se estivesse acabado de parir, com direito a contrações e noites em claro. É que hoje, finalmente, depois de um longo e tenebroso inverno o meu site está na rede. E como toda mãe coruja eu não paro de falar da minha mais nova cria e insisto em convidar a todos para dar uma navegadinha básica por lá: www.helenaleao.com

é claro que tem muita coisa a melhorar, mas por enquanto vou ficar curtinho o filhote sem preocupações e quando passar o encanto do primeiro momento aí posso começar a enxergar os defeitos...e vcs não precisam se acanhar, podem meter o dedo na ferida, criticar, elogiar e dar pitacos...

aguardo a visita de todos.....té mais!

11 de agosto de 2008

frases jogadas ao vento....




Algodão doce é açúcar com aceleração centrípeta. E bicarbonato de sódio são dois átomos de carbono com um de sódio. (explicações infantis para coisas complicadas ou explicação complicada pra comida infantil)

Quem não arrisca não petisca e quem arrisca serve de isca. (pensamentos muito úteis)

Uirapuru pariu a preta prenha. (trava língua inventado no trânsito)

Epistemologia, hermenêutica, outrossim, deveras, peremptório, são palavras que adoro mas quase não as uso. (adoro isso!!!)

Não preciso disso agora, mas quem sabe depois? (DIA DE ARRUMAR O GUARDA ROUPA)

Sou casada e uso a aliança no dedão. (não é estilo, é falta de tempo de mandar apertar)

O cara chamava Antônio Carlos mas eu só o chamava de Cristiano Machado. (essa é verdade e só entende quem mora em BH)

“Pobrema é de aritimética e poblema é de cabeça”. (verdade verdadeira, ouvi a conversa no ônibus)

_Eu nunca namoraria uma mulher que fuma!
_E eu nunca namoraria um segurança!!!!!!
(diálogo entre a autora e um babaca)


agora já deu.........depois posto mais bobagens.






24 de junho de 2008

O recife de corais

Os que fazem parte de um coral que me perdoem, mas é que a piada é muito boa para se deixar render pelo politicamente correto. Outro dia ouvi de um cinegrafista amigo meu (tínhamos ido cobrir um encontro de corais públicos) a seguinte frase: não é possível, "quanta gente feia!"
Aposto que na fila lá do céu, quando estamos esperando pra nascer, todos passamos por um questionário e uma das perguntas é a seguinte: você quer ser bonito ou quer cantar em um coral? Se você escolhe a opção cantar em coral, já era, está fadado a feiúra terrena, mas se você escolher que quer ser bonito, nada te garante...
Depois parei pra pensar no assunto. Aquela velha mania de divagar por inutilidades, pensei em todos os meus amigos que fazem ou fizeram parte destes grupos de cantores e descobri que talvez nem seja verdade o lance lá da fila do céu, tem uns bem bonitinhos que decidiram se enveredar pela aventura de soltar a voz. Aí minha tese foi por água abaixo: não era regra a feiúra nos corais.
Mas peraí! No dia do festival de corais públicos não havia nem um reles bonitinho. Haveria de ter outra tese pois uma observação tão importante não há de acabar assim. Já sei!!! A fila existia mesmo, lá no céu, com todas àquelas perguntas sobre suas escolhas pra se viver na terra, muitos quadradinhos para marcar o x e tal e coisa, coisa e tal. Lá pras tantas aparecia a pergunta fatídica: Você, quando se tornar um ser humano com idade o bastante para fazer suas escolhas, desejaria fazer parte de um coral? (como àqueles de anjinhos que ficamos horas assistindo aqui no paraíso?) sim ou não? Você pensa um pouquinho (acredito que as almas devem pensar) e responde, só não percebe o pequeno asterisco ao lado da pergunta e muito menos as letrinhas pequeninas lá em baixo no pé da página: *se sua resposta for sim suas chances de ser feio aumentam em exatos 78%.

Pronto, novamente era o óbvio que eu não queria ver. Adoro quando minhas teses* são comprovadas, não importa por que meios.



*só um lembrete: não me levem a sério!

4 de junho de 2008

A volta

Não sei quantos leêm este blog...nunca me importei com estes dados. Mas sei que alguém me lê e me divirto em saber disso, afinal de contas porque ter um blog pra ninguém ler?

Perdão pela falta de sentido nesta colocação mas é só pra justificar esta breve prestação de contas do motivo de minha ausência nesta páginas virtuais neste último mês: na verdade não há motivo algum, além da boa e velha falta de tempo...a desculpa mais furada...pior do que o trânsito ao chegar atrasado.

Voltei sem desculpas velhas e cheia de meias palavras.

Passar Bem

_Vai aí meio quilo de preguiça, jovem?

Essa era mais uma do Moacir.
Será o Moacir um mestre iogue, ou um idiota engomadinho?
o Moacir existe ou é meu Alter Ego?

A risada da moça da mesa ao lado me afronta, mas não o bastante pra me fazer parar de pensar no Moacir. Tal como aquele porco do email que sempre me volta a cabeça. Será o Moacir àquele porco? Trinta minutos de orgasmo do porco não seria o mesmo que trinta anos de serviço público do Moacir?

Divago enquanto tenho vontade de esganar a moça que ri estridente.

Envelhecer é ir se despindo de si mesmo.

"Não sou o mesmo de 20 anos atrás, mais ainda sou Moacir. "
Difícil contar a vida de pessoas tão comuns como Moacires:

há exatos 33 minutos do último dia na repartição, toda a antologia poética de Moacir já estava devidamente arquivada e catalogada por data. As planilhas geradas em 35 anos como notável contabilista ficariam por ali. Eram muitas as caixas.

O barulho dos poucos que teimavam em se despedir, despertara Moacir de sua soneca diária.

Não seria hoje que ele deixaria sua peculiar educação de lado, ao se jogar pela janela ele disse como de praxe: Passar bem!!!

Morrer é ficar nu de existência.

Aedes

Estava eu em casa olhando rodar as hélices do ventilador. Então, súbitamente pensei:
"Mosquito filho da puta! Se Deus existisse não deixaria um ser tão ordinário vagar pela terra. Veado!!!"

Tanto calor e nem dá pra dormir pelado



texto escrito por helena e marcelo

22 de abril de 2008

limbo criativo

Hoje o Tomás chegou pra mim e disse: Mãe, acho que estou perdendo minha criatividade!
Frase estranha pra uma criança de sete anos que cria um super herói por dia, transforma tampa de panela em escudo, desenha os mundos mais coloridos que já vi e vive com a cabeça na lua!!!

Mas não me enganei, foi isso que ouvi daquela pessoinha. Aí entrou minha mania de mim mesma, e comecei a divagar sobre o presente momento e no atual limbo criativo em que me encontro. Foi apenas um projeto de pensamento interrompido imediatamente por um filho ávido de respostas: Mãe é sério, todo dia de parquinho lá na escola fico um tempão pensando de que brincar e aí demora e acaba a hora do parquinho.

Fiquei apavorada! Meu filho é quase um filósofo!Um intelectual daqueles que de tanto pensar ficou lá pensando! Como aquela música do Rumo que fala: “De tanto preparar parou, de tanto se inspirar pirou, de tanto ouvir falar sobre um futuro que virá virou-se todo pro passado a esperar...de tanto vigorar gorou, esperando Godard Godot.”

Sem demonstrar todo o meu susto quanto ao futuro do garoto, resolvi dar uns conselhos, pra ele pensar no que queria brincar antes da hora do parquinho...aí vi a estupidez do meu conselho (se fosse bom a gente vendia, mas o Tó não aprendeu isso ainda e afinal de contas eu sou a mãe dele), ele ia ficar viajando no meio da aula de matemática, deixando as contas de lado e imaginando mil brincadeira divertidas no parquinho, um a zero pra mãe maluca.

Mas a mãe responsável logo veio a tona e disse: filho, isso não é um problema, todos nós às vezes temos falta de criatividade, um dia ou outro, mas vai passar e tenho certeza que o próximo dia de parquinho vai ser incrível, você vai ver. Acho que ele nem ouviu o segundo conselho, tava com a cabeça na lua e uma espada na mão pensando qual seria a brincadeira do dia.

Os filhos sempre preferem a mãe maluca e só as ouvem quando lhes convém. Ponto pra eles!!!

Para todos os meus amigos

"Há 2 espécies de chatos: os chatos propriamente ditos e ...
os amigos, que são os nossos chatos prediletos."
Mário Quintana
Achei a frase perfeita pra começar este novo post após um longo e tenebroso inverno, que congelou minha criatividade. Já escrevi aqui neste blog que não gosto de pessoas legais demais. Não acredito em quem é muito gente boa, muito simpático, compreensivo demasiadamente.Por isso não acredito em papai Noel e nem coelhinho da páscoa, também não acredito na Xuxa, nem no gugu e nem em pedagogos e psicólogos (sem generalizar, mas que quase todos são um poço de compreensão, isso é verdade...).É também por esse motivo que confio muito em meus amigos, nenhum deles é legal sempre, todos são uns malas quando dá vontade, todos são uns pulhas de vez em quando e cada um deles guarda sua simpatia pros momentos em que é bom e gratificante serem simpáticos.
Os meus amigos são chatos, assim como eu. Aqueles que eu escolhi para compartilharem a vida comigo são tão humanos quanto eu e é por isso que eu os amo tanto. Não dá pra confiar em quem não perde a cabeça, em quem fica sorrindo o tempo todo, em quem gosta de todo mundo, em quem não discorda de nada, em quem não peida em público...não pode ser verdade e se existir alguém autenticamente legal, não me apresente, fico por aqui com meus chatos preferidos e encantadores!

29 de março de 2008

DELIVERY

PEDI ALGUMA COISA POR TELEFONE.
NÃO VEIO NADA ALÉM DE UMA CAIXA COM COMIDA,
TROCAMOS OLHARES.
SÓ ME RESTA CALMA!
ESPERAVA PREENCHER ESTA FALTA,
AMENIZAR ESTE APERTO,
LIQUIDAR COM A SOLIDÃO...
AÍ VEIO A PIZZA, SEM MAIS NEM MENOS.
E AINDA ARRANCOU DO MEU BOLSO OS ÚLTIMOS TROCADOS.

CUSPIDO NA CARA

QUEBRADO NO PÉ

FURADO NO OLHO

PARTIDO NO MEIO


MET ADE SUMIU



6 de março de 2008

Nadismo

Os espíritos mais inquietos esperem para me corrigir, saibam antes que o título é este mesmo e que embora pareça eu não inventei nada do que relatarei a seguir.
Se quiserem fazer nada procurem pelo cubo vazio, este é o símbolo de um novo movimento que está bombando no Brasil. O lance é o culto ao nada, isso mesmo, pessoas se encontram e ficam sem fazer nada, e depois ficam discutindo sobre o nada. Eis a essência do nadismo.

Foi o que li na revista Istoé desta semana, que existe um bando de gente que se encontra pra não fazer nada e ainda têm explicações “racionais” pra isso tudo. No fundo eu acho que é tudo uma grande piada de um sacana que gosta de ver gente falando nada com nada. E aí, eu com meus botões, descobri em mim uma nadista nata. Este blog é um exemplo vivo da minha vocação. Não tem nenhuma utilidade no que escrevo, falo sobre os nadas da vida cotidiana, que é repleta de vazios.

Fui descobrir então, que existe o nadismo consciente e o inconsciente, o primeiro é o que faço aqui nesta páginas (fazia, pois agora sei que falo de nada) e o segundo é falar sobre o nada tendo consciência de que se está falando nada. (entenderam???) Como quando vamos ao cabeleireiro e começamos a falar abobrinha, estamos praticando o nadismo inconsciente, e quando vamos ao Ibirapuera, no encontro dos nadistas (ou se preferirem, atoístas) e ficamos 45 minutos sem fazer nada e depois conversamos sobre os batimentos cardíacos das borboletas, aí sim estamos sendo conscientes do nada. (complicado pracaralho falar sobre nada)

Mais complicado ainda quando nosso chefe nos manda entregar aquele trabalho e nós explicamos que não podemos, pois nossa nova religião não permite fazer nada. O chefe muito compreensivo acompanha você até o parque Ibirapuera e senta-se em volta do cubo vazio e fica te olhando fazer nada, aproveita pra curtir o ócio também. A cidade toda para, acaba-se o estress no trânsito, pois todo mundo foi fazer nada no parque, e os hambúrgueres do Mc Donald’s não ficam prontos no prazo, pois os empregados também entraram na onda nadista. E aí o caos impera, não porque todo mundo parou, e sim porque no Ibirapuera não cabe tanta gente, e o cubo não é grande o bastante pra caber o nada de todo mundo. E assim eis a conclusão: o nada não é para todos.

3 de março de 2008

Uma sexta qualquer



Qualquer coisa vermelha pendurada no meu guarda-roupa, é o que procuro pra me distrair hoje. Não pode ser outra cor. Acho uma blusa com estampas em vários tons rubros, não serve, tem que ser totalmente vermelho.
Vestido rodado, totalmente certo pra ocasião, nem um pingo de outros tons. Que bom que achei. Coloco-o sem calcinha para não marcar, sapatos da mesma cor e brincos discretos. A maquiagem sugere que é noite e que pretendo dormir tarde. O cabelo cuidadosamente preso em um coque. Pronto.
Pego qualquer bolsa que caiba a carteira e o maço de cigarros. Uma balinha caso precise e rua. No rádio do carro não toca nada que me anime o espírito (qual deles?). CD’S me esqueci de pegar. Vou dirigindo e sentindo o cheiro da noite que se inicia. Prometo não ficar muito bêbada. Prometo que dessa vez vou cumprir a promessa. Me sinto levemente eufórica, feliz talvez.
Estaciono o carro com certa facilidade, tinha vaga perto do bar. Alguns amigos já estão e outros talvez venham. A mesa do lado de fora é perfeita. Olho pro céu e vejo que a lua está cheia, linda. Entendi então minha leve euforia. A lua faz isso comigo, me liberta de mim mesma. Cerveja, conversa jogada fora e colocada dentro, amigos, tudo perfeito. Vem a saideira e nenhuma vontade de ir embora. Pago a conta e vou sozinha dançar em alguma boate underground. Esqueci de dizer que minhas unhas também estavam vermelhas.

Todo dia é dia

Este é mais um serviço de altíssima relevância que este blog presta a sociedade. Um serviço que informará as datas comemorativas* mais estranhas existentes em nosso Brasil varonil.

Sou capaz de apostar que nenhum de vocês sabe que existe o dia da Abreugrafia (alguém sabe o que é isso???) comemorado no dia 4 de janeiro. Vivas aos abreugrafistas!!!!
Dia 9 de janeiro, o que o leitor estava fazendo? Lembrou de comemorar o dia do astronauta, afinal agora temos o nosso Marcos Pontes. Dia 20 do primeiro mês do ano também é uma data bastante relevante, já que os imãs de geladeira, os chaveiros, as canetas e todos os outros brindes são parte fundamental de nossas vidas. Aplausos para os brindes!
Continuando nossa incansável busca, encontramos ainda em janeiro o dia da saudade, este é realmente bonito e comovente, pois sabemos que a palavra é uma exclusividade de nossa língua e como cantou Chico Buarque, “a saudade é o revés do parto, a saudade é arrumar o quarto do filho que já morreu”.
Pronto! Acabou janeiro e entramos em fevereiro, e logo no dia 5 vem o dia do datiloscopista e no dia 11 o grande dia do zelador: viva seu José!!!
Em Março começa a chover um bocado e comemoraremos com um toró daqueles o dia do sogro (dia 10) e se as água de março não derem trégua, provavelmente o dia da escola também será molhado.
Dia 1° de abril , este todo mundo conhece, dia de sacanear todo mundo com permissão do calendário. Mas não é só de mentiras que Abril é feito, pois no dia 13 tem o dia do Office- boy. E lembre-se, se neste dia for ao banco, cuidado para não maldizer a milésima geração do boy que se encontra na sua frente com um malote enooorme. Abril é uma festa só, dia 22 tem o dia do planeta terra, dia 26 o dia do goleiro, dia 27 é da empregada doméstica (folga para elas) e para finalizar em grande estilo, dia 28 é dia da educação e dia da sogra (será que queriam dizer alguma coisa com isso??? Deixa pra lá).
Tenham paciência que o ano é grande e as datas são muitas.
Maio tem o dia das mães e é considerado o mês das noivas, o que pouca gente sabe é que no dia 3 se comemora o dia do sol, rezemos pra que não chova. O dia do silêncio é dia 7 de maio (porque não tem o dia do barulho?). Dia 15 é dia internacional das famílias (detalhe é que existe o dia nacional da família, 8 de dezembro).
Em Junho tem dia da mídia, 21, (divulguem isso!) e dia 29 do pescador.
Em 10 de Julho tem o dia do truco (devia ser dia da cerveja também). Dia 20 é o dia da amizade, e 26, dia da vovó.
Agosto vem recheado e logo no dia 3 pode-se ir a uma tinturaria dar parabéns ao tintureiro. Dia 11 é uma boa desculpa pra tomar uma e ainda aproveitar pra dar um grande abraço no garçom. Dia 15 os solteiros fazem a festa para comemorar e dia 20 pode fazer as pazes com o morador ao lado e dar e receber parabéns pois é o dia do vizinho.
Em setembro segurem seus cartões de crédito, pois dia 19 é o dia do comprador (conseqüentemente do vendedor). 25 é dia de pegar o rush feliz, devemos comemorar por estarmos parados a uma hora, é dia do trânsito! 27 é dia do ancião (e a vovó???). Chegando ao fim de setembro, o ano começa a acabar e vem o dia do tradutor e dia da bíblia (dia 30).
Mas dia 27 de setembro não é o dia do ancião? Então porque dia primeiro de outubro é dia das pessoas idosas, não seria um exagero?
Dia 27/10 é o dia do basquete, dia 16 é da alimentação e do instrutor de auto-escola. 22 é dia do pára-quedista, 25 é dia do dentista brasileiro e para fechar o mês com chave de ouro dia 31 além de ser dia das bruxas é também o dia da dona de casa (quem foi o sacana que fez isso?).
O ano está no fim e já se pode ouvir, ao longe, os sininhos do natal. Junto com a louca vontade de entrar de férias vem o dia do trigo (integral???), 10/11. Novembro já caminha pro fim e no dia 21 comemora-se o dia da televisão e dia do homeopata. Já o dia 25 é uma boa desculpa pra fazer uma boa ação e ir doar sangue, pois provavelmente o lanchinho vai ser especial para comemorar o dia do doador de sangue. E novembro vai-se embora sem nenhuma reunião de condomínio, pois no dia 30 é dia do síndico, e viva o Tim Maia!
Chegou dezembro e não é só o mês de papais-noéis e menino Jesus, dia primeiro é dia do numismata (que porra é essa????) e dia do casal. Dia 4 além de ser o dia do pedicuro é também do orientador escolar. O AA faz a festa, dia 9, regada a refrigerante para comemorar o dia do alcoólatra recuperado. Dia 10 uma grande ironia: além de ser dia internacional dos direitos humanos é também o dia do palhaço (damos parabéns ao bush por qual das duas datas???). Dia 13 é do cego, do marinheiro e do lapidador. Se alguém conhecer um marinheiro cego, ou um lapidador marinheiro, dêem duplos parabéns.
Na véspera de natal, onde o peru já esta assando, é o dia do órfão (pelo menos alguma felicidade vão ter neste dia). Dia 26, na ressaca do natal, tem o dia da lembrança (lembra-se do tanto que bebeu e comeu), o dia do pedreiro e o dia do salva vidas. Na minha opinião devia ser o dia do engov ou dia da ressaca.
Pronto, Dezembro acaba no dia da esperança, e meu utilíssimo texto também segue para o fim esperando que tenham gostado desta coletâneas de informações tão preciosas.

* fonte: Folhinha Mariana

21 de fevereiro de 2008

casa dos espelhos

diversão garantida pra toda família...os aditivos são opcionais e nem um pouco necessários!!!!





Porque ufano minha língua (a portuguesa)

Sou fissurada por palavras. Principalmente aquelas que são exatamente o que descrevem. Ovo por exemplo, o que mais poderia ser senão o que é? Imagine se lasanha se chamasse angu? Angu não pode ser mais nada do que aquela papa amarela que se come com frango ensopado. Dá pra imaginar um algodão se chamando pedra? Idiossincrasia tem alguma chance de ser algo simples? A mediocridade seria algo valoroso algum dia? Talvez sim, mas não creio. Sacola é um saco, mas um saco mais arrumadinho, com alça e tudo, perfeito.
Os exemplos são muitos e já deve estar passando um milhão de outras palavras perfeitas na cabeça de que lê este texto.
E não existe felicidade maior pra esta minha cabeça doente e sistemática do que encontrar uma família de palavras que são a origem da perfeição semântica. As vencedoras do prêmio “palavra perfeita”. Uma família meio excluída dos meios ,hoje em dia, por não estarem na moda.

Algum outro termo descreveria melhor a gordura acumulada em nosso corpo do que “tecido adiposo”?. O que melhor descreveria a gordura localizada do que “adiposidade”?. Uma coisa adiposa é assim, como diria? Adiposa. Não dá pra encontrar nada tão perfeito na linda língua portuguesa. E destas palavras ganhadoras, deriva outra, não menos perfeita mas secundária, o “adipômetro”.
Veja bem, você vai a academia fazer um exame e chega um cara malhado, daqueles que, ao contrário de mim, abriram mão de várias cervejas geladas em nome do abdômen perfeito, e começa a apertar seus pneuzinhos com uma espécie de pinça esquisita. Como se chamaria a tal ferramenta? Apertômetro, vergonhômetro, toalha, chinelo, martelo ???? É claro que não, pois a nossa língua é perfeita demais e nos fornece as melhores alcunhas: Adipômetro ou medidor de gordura sua sem vergonha e tomadora de cerveja....
As academias de ginástica deviam se espelhar neste nobre exemplar de nossa língua e parar com essa mania de encher seus letreiros com palavras em inglês, fitness, sport center, dentre outras. Mil vivas ao adipômetro!!!

19 de fevereiro de 2008

cansei de ser eu



Tem hora que parece que o corpo vai explodir de tanto sentimento, pensamentos, verdades, pieguices, sonhos, raivas, buzinas. Não faz silêncio dentro de mim. É um barulho rouco, preso pela anatomia que não favorece a acústica.

Não dá pra estar sozinha estando comigo mesma. Eu encho o meu saco o tempo todo. Eu não dou descanso a mim. Eu sou barulhenta, falo alto e não me ouço. E além de tudo ainda quero companhia.

Não dá pra sentir solidão estando envolta a tudo. Caminhar sozinha de mãos dadas com tudo o que há, não é solitário. Longe de mim esta conversa fiada de copo meio cheio, meio vazio. Estamos abarrotados de coisas o tempo todo, eu, você e o copo. É chato estar cercado de tudo quando se deseja o nada. Estar vazio, fino e agudo como o som de um apito. Mas somos normalmente graves, trombones a tocar sem descanso, cheios de razão e conhecimento. Pesados.

Por que eu não vou ver se eu tô na esquina?

18 de fevereiro de 2008

Angústia

Porque a angústia dói? Nunca encontrei resposta. Talvez porque não tenha procurado nos lugares certos. Quando me sinto assim, leio poesias. Deveria buscar resposta no wikipédia e não no Neruda. A poesia me acalma, é um analgésico pro meu coração. Mas é o coração que dói na angústia? Nas enciclopédias e revistas cientificas não vislumbrei esclarecimentos, porque não as li. Em Fernando Pessoa encontro semelhantes e saio desta geografia medíocre de mim mesma. Quando estamos sofrendo somos egocêntricos. Achamos que nossa dor é a maior do mundo, e estamos certos. Não há angústia mais dolorosa do que a nossa.
Fui buscar no dicionário, não há excesso na razão. A razão não peca por excesso e sim por falta. Eis o que vi: Angústia - 1- estreiteza, limite, redução, restrição. 2 – ansiedade ou aflição imensa. 3 – sofrimento, tormento, tribulação.
O dicionário não erra. Realmente o coração fica bem estreito, não cabe mais sentimento algum. A angústia aprecia a solidão.
Vou ainda mais fundo na razão e encontro a angústia de Heidegger “disposição afetiva pela qual se revela ao homem o nada absoluto sobre o qual se configura a existência”.
Os poetas que me acalmam devem ter lido Heidegger. Eles transmitem em seus versos essa insignificante existência. É nesta hora que o aperto no peito vem mais fundo, quando entramos em contato com o nada que representamos. Deste ponto de vista a angústia não é egocêntrica, mas continua solitária a dilacerar nosso coração.

O fato é que nenhuma resposta é válida para amenizar este aperto. Nenhuma verdade vai amainar a dor que sinto agora. Dor sem motivo algum, sem razão de ser. E no pecado da falta, deixo a razão de lado e me recorro a quem melhor que eu sabe usar as palavras:

“_Não desejais, minha irmã, que nos entretenhamos contando o que fomos? É belo e é sempre falso...
_Não, não falemos disso. De resto, fomos nós alguma coisa?
_ Talvez. Eu não sei. Mas, ainda assim, é sempre belo falar do passado...As horas tem caído e nós temos guardado silêncio. Por mim, tenho estado a olhar para a chama daquela vela. Às vezes treme, outras torna-se mais amarela, outras vezes empalidece. Eu não sei por que é que isso se dá. Mas sabemos nós, minhas irmãs, por que se dá qualquer coisa?
(Fernando pessoa – O Eu Profundo e os outros Eus – poema “O Marinheiro”)

Nomes dos esmaltes

Pode parecer ridícula para os homens esta mania de fazer as unhas, mas para nós mulheres é visceral, sentimo-nos peladas se a ponta de nossos dedos não estiverem devidamente lixadas e pintadas. O que varia de mulher para mulher é a cor do esmalte, e vez ou outra nos deparamos com o seguinte dilema: usar ou não cintilante?
O vermelho também é caso de polêmica, umas adoram, outras odeiam.
Outras questões que merecem citação por serem tão comuns no universo das manicures são: lixar ou esfoliar? O esmalte dos pés e das mãos serão os mesmos? Usar óleo secante ou ele dá bolinhas?
Vejam como é complexa uma simples ida ao salão. Além de termos que escolher entre tantas opções que nos são apresentadas ainda temos que tratar com indiferença o odioso nomes dos esmaltes: Gabriela, Tieta, paixão, meia de seda, Quero Beijar...
Confesso que às vezes me constrange ter que pedir: hoje quero o “Glamour Pink”. Quem em sã consciência acha irrelevante o nome dos esmaltes??? Quem é o cara (só pode ser homem) que passa seus dias inventando nomes esdrúxulos para os nada inúteis esmaltes??? Eu ainda hei de escrever um manifesto para os fabricantes mostrando o constrangimento que nós mulheres passamos toda a semana quando vamos ao salão. Será que já não é constrangedor o bastante nossas idas ao ginecologista, nossas visitas as depiladoras, fingindo naturalidade com as pernas arreganhadas? Mulheres de unhas pintadas uni-vos em nome do bom gosto. Vamos começar uma campanha para a mudança das alcunhas de nossos companheiros esmaltes.
E pra aumentar ainda mais minha ira contra os fabricantes destes cosméticos, fui à farmácia para comprar acetona e sem olhar muito peguei uma marca com o nome de “saramandaia”. O nome é horrível, mas não foi nada comparado ao slogan que vinha logo abaixo: “Acetona saramandaia, use e tenha uma vida mais feliz”. Alguém pode me explicar isso? Perdi meu dia inteiro pensando no motivo que leva alguém a escrever um slogan deste em um vidro de removedor de esmalte. Pensei muito, por vezes me deixo levar por questões essencialmente inúteis, até que veio a luz: é o cheiro dos produtos químicos que faz estes seres humanos chegarem a tal ponto de criatividade. Só pode ser isso, um bando de lunáticos cheirando químicos o dia inteiro e ao final são levados a uma sala, colocados em frente a um bloco de anotações e começam a fazer um brainstorm de nomes de esmaltes e slogans de acetona. Era óbvio, mas eu não via. Graças a Deus a verdade sempre aparece.

15 de fevereiro de 2008

mais haikais




Parece que cresce.
Nasce bolha,
Morre sabão.



Poesia na areia.
Escreveu não leu,
O mar lambeu.

Nossos amigo Clóvis

Socorro!!!!!!!!!
Só pode ser macumba que fizeram pra me destruir, pra acabar de vez com minha paciência. Enterraram meu nome junto com um saco de cimento e agora as construções me perseguem. Em três anos foram 2 prédios sendo construídos ao lado da minha casa, uma reforma que nunca acaba no vizinho de cima, uma outra monumental ao lado do meu escritório.
Pra piorar tudo os pedreiros da construção ao lado de casa resolveram criar galinhas no canteiro de obras. Eu juro estar falando a verdade. Um galinheiro com direito a pintinhos piando o dia todo e um maldito galo que para não perder sua fama, insiste em cantar as 4 e meia da manhã, não sem antes dar uma sacolejada nas asas fazendo um barulho horrível.
Não, eu não moro no interior, mas na capital de um dos principais estados da principal região do Brasil.
No começo, quando ouvi os primeiros indícios das aves achei que era delírio. Depois pela janelinha do corredor do prédio avistei as primeiras galináceas a ciscar. Acreditei que elas deviam ter alguma função. Meu marido levantou a hipótese de ser por causa de possíveis cobras existentes no lote. Aceitei. Mas depois a família das galinhas começou a crescer e a coisa foi ficando insuportável. Até que em um belo domingo de sol, voltando de um final de semana no sítio, ao abrir a porta da área privativa de meu apartamento, me deparo com um exemplar masculino das ditas cujas, o mesmo que me acordou em diversas madrugadas.
Percebam o quão surreal é isso tudo: moro em Belo Horizonte, em um apartamento de um bairro classe média (deve ser isso), chego em casa domingo e tem um galo no meu quintal. “sopra que é farofa, chuta que é macumba” diria a sábia tia Bê. Não soprei e nem chutei. Fiquei com dó do bichinho e fui logo arrumar alguma coisa pra ele beliscar. Sr. galo, você aceita um drink? Sr. galo, você se incomodaria em não fazer mais cocô na minha cerâmica encerada? Será que poderia cantar um pouquinho mais tarde?
Meu filho mais velho logo tratou de dar nome ao bichinho: Clóvis.
Tinha um galo no meu quintal e agora a família inteira já se apegara a aquele ser penoso.
E como depois de todo domingo vem uma segunda feira, a segunda chegou e junto com ela o pedreiro da construção ao lado, dono do galo, ou melhor, dono do Clóvis.

_Nem vem moço, não vai levar o galo de jeito nenhum, você já está sem razão, pois criar galinhas em uma construção é um absurdo e ainda por cima deixar o bicho pular pro lado de cá, ficar sem comida o final de semana inteiro e agora vem dizer que quer ele de volta??? Pode tirar seu galinho da chuva que o Clóvis é nosso.

Não sei quem tinha a cara pior, se era o pedreiro, se era meu marido, pensando que eu tinha pirado, ou se era o Clóvis, coitado, alheio àquela disputa por sua pessoa.
É claro que meus argumentos não colaram e meu marido já estava doido pra despachar o penoso pra longe da nossa casa. E assim o Clóvis se foi. O brutamonte do pedreiro enfiou o coitado (o galo) num saco e picou a mula. Só restaram alguns milhos jogados no chão e a carinha triste da pequena dizendo: Mamãe, cadê o cocó???

1 de fevereiro de 2008

Nervos nem tão de aço



Um dia o meu filho Tomás ,devia ter uns 4 anos, acordou chorando e quando fui acudi-lo me contou que tinha tido um pesadelo horrível. Custei a convencê-lo a contar dizendo que ia se aliviar se falasse. Ele então me disse que um ser monstruoso o perseguia, “um moço todo coberto de limão, mamãe”. Não deu, tive um acesso de riso e ele ficou realmente bravo comigo, ele ali morrendo de medo e eu rindo. Tá bem, fui cruel, mas não consegui me segurar. Passada a crise comecei a pensar nos medos que eu tinha na infância (nada psicanalítico – entendam bem), medos tão aparentemente banais quando este de meu menino, mas que pra mim tinham o tamanho do mundo. Cobria de pavor todos os cantos de meu quarto e evaporavam debaixo da minha cama.
Lembrei que eu tinha pânico do Paulinho da Viola, sempre tinha pesadelos com ele. Meus pais tinham um disco dele em casa (Nervos de aço) e a capa me fazia tremer de medo. Liguei a capa a pessoa dele e aí todas as vezes que ele aparecia na televisão eu fechava os olhos. Sem exageros, meus pesadelos eram recheados de paulinhos da viola.
Lembrei-me também de um medo politicamente incorreto: tinha verdadeiro horror de travestis. Explico-me: minha infância foi nos anos 80, início da AIDS e eu ficava vendo o noticiário e sempre ligavam a doença aos gays e eu, criança que era, ligava os gays aos travestis. Este medo passou como também já superei o trauma com o Paulinho da viola e por sinal gosto muito do “Nervos de Aço”.
Tinha medo de chinelo virado, de pio de coruja e de andar de costas. Uma moça que trabalhou lá em casa falava que chinelo virado era má sorte, que pio de coruja era mau agouro e que se agente andasse de costa a mãe morria. Que moça cruel, mal sabe ela que ate hoje desviro todos os chinelos que encontro.
Sei que são medos exdrúxulos, mas tem a desculpa de terem sido criados pela criança que eu era, o pior são os pavores estranhos que desenvolvemos ao longo de nossa vida. Conheci uma pessoa (eu juro estar falando a verdade) que tem medo de ruivos, só os naturais, os de cabelo pintado ela suporta. Tem outra que não pode ver um anão, entra em paranóia.
Fui rir do meu filho e de seu monstro coberto de limão e acabei chegando no Paulinho da viola e nos ruivos. Me perdi no mundo dos medos idiotas que até esqueci que tenho dentista (alguém por aí não tem medo destes?????).

29 de janeiro de 2008

hai kai úmido

Dias no anzol

e o guarda chuva começa

a aguardar o sol

7 de janeiro de 2008

Auto ajuda (trocadilho infame)

Quem tem filhos sabe que viagem de férias não é precisamente o melhor programa para pais que trabalham pracaramba e que precisariam descansar nesta parte do ano. Tudo começa dentro do carro...o que fazer para que uma criança fique entredida durante 8, 10 horas ????
Tenho várias brincadeiras que costumeiramente faço com meus pequenos (não vou citar uma por uma senão vai parecer o "mothern"). Além destas já previamente preparadas sempre me lembro de bobagens sem tamanho, coisas que eu inventava na infância, frases engraçadas, trocadilhos absurdos...e normalmente estas surpresas da memória fazem muito mais sucesso que os velhos pasatempos de automóvel.
Uma destas lembranças foi a seguinte frase: "Marechoto florial peixano despinguelou na escorrega e milagrou escaposamente." Desafiei meu filho a consertar a frase e é claro criamos várias outras, hilárias:
"puxa xixou ja naca" - "Fernique Herdoso Carnando catou pegapora e cançou incoçavelmente."

Podem acreditar que a brincadeira funcionou, tantou que conseguiu entreter a criança aqui até hoje......