24 de junho de 2008

O recife de corais

Os que fazem parte de um coral que me perdoem, mas é que a piada é muito boa para se deixar render pelo politicamente correto. Outro dia ouvi de um cinegrafista amigo meu (tínhamos ido cobrir um encontro de corais públicos) a seguinte frase: não é possível, "quanta gente feia!"
Aposto que na fila lá do céu, quando estamos esperando pra nascer, todos passamos por um questionário e uma das perguntas é a seguinte: você quer ser bonito ou quer cantar em um coral? Se você escolhe a opção cantar em coral, já era, está fadado a feiúra terrena, mas se você escolher que quer ser bonito, nada te garante...
Depois parei pra pensar no assunto. Aquela velha mania de divagar por inutilidades, pensei em todos os meus amigos que fazem ou fizeram parte destes grupos de cantores e descobri que talvez nem seja verdade o lance lá da fila do céu, tem uns bem bonitinhos que decidiram se enveredar pela aventura de soltar a voz. Aí minha tese foi por água abaixo: não era regra a feiúra nos corais.
Mas peraí! No dia do festival de corais públicos não havia nem um reles bonitinho. Haveria de ter outra tese pois uma observação tão importante não há de acabar assim. Já sei!!! A fila existia mesmo, lá no céu, com todas àquelas perguntas sobre suas escolhas pra se viver na terra, muitos quadradinhos para marcar o x e tal e coisa, coisa e tal. Lá pras tantas aparecia a pergunta fatídica: Você, quando se tornar um ser humano com idade o bastante para fazer suas escolhas, desejaria fazer parte de um coral? (como àqueles de anjinhos que ficamos horas assistindo aqui no paraíso?) sim ou não? Você pensa um pouquinho (acredito que as almas devem pensar) e responde, só não percebe o pequeno asterisco ao lado da pergunta e muito menos as letrinhas pequeninas lá em baixo no pé da página: *se sua resposta for sim suas chances de ser feio aumentam em exatos 78%.

Pronto, novamente era o óbvio que eu não queria ver. Adoro quando minhas teses* são comprovadas, não importa por que meios.



*só um lembrete: não me levem a sério!

4 de junho de 2008

A volta

Não sei quantos leêm este blog...nunca me importei com estes dados. Mas sei que alguém me lê e me divirto em saber disso, afinal de contas porque ter um blog pra ninguém ler?

Perdão pela falta de sentido nesta colocação mas é só pra justificar esta breve prestação de contas do motivo de minha ausência nesta páginas virtuais neste último mês: na verdade não há motivo algum, além da boa e velha falta de tempo...a desculpa mais furada...pior do que o trânsito ao chegar atrasado.

Voltei sem desculpas velhas e cheia de meias palavras.

Passar Bem

_Vai aí meio quilo de preguiça, jovem?

Essa era mais uma do Moacir.
Será o Moacir um mestre iogue, ou um idiota engomadinho?
o Moacir existe ou é meu Alter Ego?

A risada da moça da mesa ao lado me afronta, mas não o bastante pra me fazer parar de pensar no Moacir. Tal como aquele porco do email que sempre me volta a cabeça. Será o Moacir àquele porco? Trinta minutos de orgasmo do porco não seria o mesmo que trinta anos de serviço público do Moacir?

Divago enquanto tenho vontade de esganar a moça que ri estridente.

Envelhecer é ir se despindo de si mesmo.

"Não sou o mesmo de 20 anos atrás, mais ainda sou Moacir. "
Difícil contar a vida de pessoas tão comuns como Moacires:

há exatos 33 minutos do último dia na repartição, toda a antologia poética de Moacir já estava devidamente arquivada e catalogada por data. As planilhas geradas em 35 anos como notável contabilista ficariam por ali. Eram muitas as caixas.

O barulho dos poucos que teimavam em se despedir, despertara Moacir de sua soneca diária.

Não seria hoje que ele deixaria sua peculiar educação de lado, ao se jogar pela janela ele disse como de praxe: Passar bem!!!

Morrer é ficar nu de existência.

Aedes

Estava eu em casa olhando rodar as hélices do ventilador. Então, súbitamente pensei:
"Mosquito filho da puta! Se Deus existisse não deixaria um ser tão ordinário vagar pela terra. Veado!!!"

Tanto calor e nem dá pra dormir pelado



texto escrito por helena e marcelo