1 de fevereiro de 2008

Nervos nem tão de aço



Um dia o meu filho Tomás ,devia ter uns 4 anos, acordou chorando e quando fui acudi-lo me contou que tinha tido um pesadelo horrível. Custei a convencê-lo a contar dizendo que ia se aliviar se falasse. Ele então me disse que um ser monstruoso o perseguia, “um moço todo coberto de limão, mamãe”. Não deu, tive um acesso de riso e ele ficou realmente bravo comigo, ele ali morrendo de medo e eu rindo. Tá bem, fui cruel, mas não consegui me segurar. Passada a crise comecei a pensar nos medos que eu tinha na infância (nada psicanalítico – entendam bem), medos tão aparentemente banais quando este de meu menino, mas que pra mim tinham o tamanho do mundo. Cobria de pavor todos os cantos de meu quarto e evaporavam debaixo da minha cama.
Lembrei que eu tinha pânico do Paulinho da Viola, sempre tinha pesadelos com ele. Meus pais tinham um disco dele em casa (Nervos de aço) e a capa me fazia tremer de medo. Liguei a capa a pessoa dele e aí todas as vezes que ele aparecia na televisão eu fechava os olhos. Sem exageros, meus pesadelos eram recheados de paulinhos da viola.
Lembrei-me também de um medo politicamente incorreto: tinha verdadeiro horror de travestis. Explico-me: minha infância foi nos anos 80, início da AIDS e eu ficava vendo o noticiário e sempre ligavam a doença aos gays e eu, criança que era, ligava os gays aos travestis. Este medo passou como também já superei o trauma com o Paulinho da viola e por sinal gosto muito do “Nervos de Aço”.
Tinha medo de chinelo virado, de pio de coruja e de andar de costas. Uma moça que trabalhou lá em casa falava que chinelo virado era má sorte, que pio de coruja era mau agouro e que se agente andasse de costa a mãe morria. Que moça cruel, mal sabe ela que ate hoje desviro todos os chinelos que encontro.
Sei que são medos exdrúxulos, mas tem a desculpa de terem sido criados pela criança que eu era, o pior são os pavores estranhos que desenvolvemos ao longo de nossa vida. Conheci uma pessoa (eu juro estar falando a verdade) que tem medo de ruivos, só os naturais, os de cabelo pintado ela suporta. Tem outra que não pode ver um anão, entra em paranóia.
Fui rir do meu filho e de seu monstro coberto de limão e acabei chegando no Paulinho da viola e nos ruivos. Me perdi no mundo dos medos idiotas que até esqueci que tenho dentista (alguém por aí não tem medo destes?????).

3 comentários:

Dona Farta disse...

Acabei de chegar no seu Blog por conta de algum link em algum outro blog que já nem sei mais qual foi... enfim... isso não importa...

Li o primeiro post e tinha que comentar, eu estava pensando nesses assuntos um dia desses, aliás... Talvez tenhamos sido crianças na mesma época - anos 80, porque eu conheço bem alguma dessas histórias da moça que trabalhava na sua casa... rsrs...

Chinelo virado??? Deus me livre, era sinal de morte! Andar de costas? Nem pensar que a mãe morria! E se você estivesse no chão e alguém passasse sobre você, então você não cresceria nunca mais... Se caísse uma faca no chão, tinha que "cruzá-la" porque senão haveria uma briga, e aí por diante...

Engraçado, parece que até os medos têm suas épocas, né???

Mas, claro, nada se compara a medo de Paulinho da Viola... rsrs... tenho que confesar que ri bastante... O mais perto disso que já vi foi minha própria irmã, que morria de medo do Gugu (o Liberato, sabe?)... rsrs...

Complexidades da mente humana...

Beijos, muito prazer, e visitarei sempre!

Gustavo de Sá disse...

tive uma chefe que tinha medo de albinos...
Tinha uma colega no setor, que era e a chefe nao tinha coragem de ficar sozinha com ela...hahah

HELENA LEÃO disse...

tive que postar este comentário pra contar o medo mais engraçado que já ouvi: lendo a biografia do Tim Maia (muito bom por sinal)descobri que ele tinha pavor de garçom careca...kkkkkkkkkkk...esta é muito boa...