6 de março de 2008

Nadismo

Os espíritos mais inquietos esperem para me corrigir, saibam antes que o título é este mesmo e que embora pareça eu não inventei nada do que relatarei a seguir.
Se quiserem fazer nada procurem pelo cubo vazio, este é o símbolo de um novo movimento que está bombando no Brasil. O lance é o culto ao nada, isso mesmo, pessoas se encontram e ficam sem fazer nada, e depois ficam discutindo sobre o nada. Eis a essência do nadismo.

Foi o que li na revista Istoé desta semana, que existe um bando de gente que se encontra pra não fazer nada e ainda têm explicações “racionais” pra isso tudo. No fundo eu acho que é tudo uma grande piada de um sacana que gosta de ver gente falando nada com nada. E aí, eu com meus botões, descobri em mim uma nadista nata. Este blog é um exemplo vivo da minha vocação. Não tem nenhuma utilidade no que escrevo, falo sobre os nadas da vida cotidiana, que é repleta de vazios.

Fui descobrir então, que existe o nadismo consciente e o inconsciente, o primeiro é o que faço aqui nesta páginas (fazia, pois agora sei que falo de nada) e o segundo é falar sobre o nada tendo consciência de que se está falando nada. (entenderam???) Como quando vamos ao cabeleireiro e começamos a falar abobrinha, estamos praticando o nadismo inconsciente, e quando vamos ao Ibirapuera, no encontro dos nadistas (ou se preferirem, atoístas) e ficamos 45 minutos sem fazer nada e depois conversamos sobre os batimentos cardíacos das borboletas, aí sim estamos sendo conscientes do nada. (complicado pracaralho falar sobre nada)

Mais complicado ainda quando nosso chefe nos manda entregar aquele trabalho e nós explicamos que não podemos, pois nossa nova religião não permite fazer nada. O chefe muito compreensivo acompanha você até o parque Ibirapuera e senta-se em volta do cubo vazio e fica te olhando fazer nada, aproveita pra curtir o ócio também. A cidade toda para, acaba-se o estress no trânsito, pois todo mundo foi fazer nada no parque, e os hambúrgueres do Mc Donald’s não ficam prontos no prazo, pois os empregados também entraram na onda nadista. E aí o caos impera, não porque todo mundo parou, e sim porque no Ibirapuera não cabe tanta gente, e o cubo não é grande o bastante pra caber o nada de todo mundo. E assim eis a conclusão: o nada não é para todos.

3 comentários:

Marcelo Sevaybricker Moreira disse...

"Fazer nada" já é fazer alguma coisa. Para "fazer nada" ou cultuar, coerentemente, o nada não seria correto nem ao menos dizer isto. Como Wittgenstein, que depois dento escrever sobre o indizível, disse: "se não pode falar deve calar".

Dona Farta disse...

Puxa... percebo que estás numa crise de nadismo, porque nem mesmo o nadismo tens mais exercitado...

E digo que seu nadismo tem feito falta na blogsfera...

Apareça!!!

Grande beijo,

www.donafarta.blogspot.com

maria lutterbach disse...

helena, que coisa!
cliquei à-toa no seu nome no blog do antônio prata e vim parar aqui!
um bjo da maria